sexta-feira, setembro 30, 2005

O ABORRECIDO

Nem tudo é mentira , mas trabalhar para servir os outras pessoas , enquanto elas se divertem deve ser uma coisa muito chata. Mas os garçons não sabem que a maioria dos aborrecimentos profissionais se dão em mesas de bares e restaurantes. No primeiro exemplo , temos o caso do advogado que logo na primeira garfada, o sujeito pergunta:

“Eu só queria fazer uma consulta sobre quanto eu devo pagar de pensão alimentícia a minha ex-mulher ?
Enquanto , o garçom está atendendo o cliente que pergunta : o que vem no prato de filé mignon com batatas fritas? E o sujeito continua a fazer consultas gratuitas ao amigo advogado de quanto ele deve pagar de pensão alimentícia a sogra, a empregada , ao cachorro...

Tem os clientes que pedem cheesesalada , sem queijo e com dois ovos fritos em cima e quando o garçom chega com o pedido, o cara lembra que era para tirar também a salada. Caso esse que é muito parecido com o arquiteto da mesa ao lado, com o colega de infância, que logo conta que está fazendo uma reforma no seu lavabo e pede em nome da velha amizade para o camarada fazer um projetinho ali mesmo no guardanapo de papel.

Há também os bêbados grudentos , abraçam os garçons iguais aos melhores amigos e não os deixam ir embora de jeito nenhum. Coitados fazem malabarismos para desviar do hálito forte de bebida e de cigarro do cliente chiclete. Tal aflição é sentida também pelo demartologista, que acaba de comer uma suculenta picanha mal passada e o sujeito lembra-se de que está como um furuncúlo no meio das costas e tenta de alguma forma fazer um striptease no local, para mostrar sua ferida , para o já nauseado médico.

Os clientes solitários, devem ser a pior categoria apropriam-se do garçom como se estes fossem uma propriedade e confidenciam toda a sua vida solitária. Esquecendo, que o bar está cheio de gente gritando e reclamando que não estão sendo bem atendidos pelo garçom de “orelha grande”. Situação idêntica é a do psicólogo ouvindo todas as lamentações do amigo em crise conjugal e tem como resposta do ingrato :

“Esse negócio de analista é frescura. “ Ou do deprimido : “Depressão ‘coisa rico ou desocupado , meu problema é falta de dinheiro.”

E se você garçom acha um saco , passar o dia inteiro escrevendo pedidos e no caso do tipo cliente indeciso reescrevendo vários pedidos e finalmente quando você acha que ele já se decidiu , o cara aparece ao seu lado no balcão pedindo para tirar a cebola do prato de carne seca com cebola. Imagine o jornalista que ouve a toda hora que ser jornalista é fácil porque todo mundo sabe escrever.

Inspirado no texto Aborrecimento profissional da coluna Garotas que dizem ni.

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